sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Alergias Alimentares

Compartilhando um texto sobre alergias alimentares da VP que gostei muito!

"A edição 112 (agosto/2012) da Revista Viva Saúde publicou a matéria “Alergia alimentar infantil nas cidades”, abordando o aumento nos casos de asma, conjuntivite e rinite alérgica em grandes cidades, com dicas para as pessoas ficarem longe das alergias, como: “amamente até os seis meses de vida; evite exposição a ambientes poluídos e fique longe de produtos industrializados”.
A alergia alimentar é uma reação adversa a alimentos não tóxicos, dependente de mecanismos imunológicos, mediada por Imunoglobulina E (IgE), mistas (por IgE e células) e não mediadas por IgE, que resultam em grande variabilidade de manifestações clínicas. Infelizmente, muitas vezes, as manifestações decorrentes de intolerâncias alimentares, como, por exemplo, à lactose é confundida com as manifestações das alergias alimentares.
As reações mediadas por IgE tipicamente ocorrem minutos após a exposição ao alimento. Já as não mediadas por IgE e as mistas podem demorar horas e até dias para se tornarem clinicamente evidentes. Comumente, as manifestações não são associadas à alergia, por ocorrerem após longos períodos de exposição ao alimento.
A prevalência das alergias alimentares em crianças e adultos jovens aumentou significativamente nas últimas décadas, impactando de forma negativa na qualidade de vida das pessoas. Há diversos fatores que devem ser investigados para verificar se o indivíduo tem a suscetibilidade em apresentar alergias alimentares e que contribuem para o desencadeamento ou exacerbação dos sintomas da alergia. Entre eles estão a alimentação materna durante a gravidez, o aleitamento materno (se ocorreu e até que idade), tipo de parto, idade materna, momento em que os alimentos sólidos e alimentos de alto poder alergênico foram incluídos na alimentação, frequência no consumo dos alimentos, exposição a poluentes e a predisposição genética. A incidência da alergia alimentar ocorre, principalmente, nos primeiros seis meses de vida, e, especialmente, nos lactentes que receberam aleitamento materno por um período curto ou que foram totalmente privados dessa alimentação. Os estudos indicam que entre 50 e 70% das pessoas que apresentam alergia alimentar possuem histórico familiar de alergia.
O sistema imunológico imaturo dos recém-nascidos e dos lactentes favorece a sensibilização. A barreira intestinal, por ser mais imatura e permeável, se torna mais suscetível à penetração dos diferentes antígenos e, consequentemente, mais vulnerável à sensibilização alérgica. Além disso, nesta fase da vida, a produção de anticorpos IgA secretores específicos é reduzida, favorecendo a penetração de alérgenos.
Os alérgenos alimentares mais comuns e responsáveis por aproximadamente 90% de todas as reações alérgicas são alimentos que possuem proteínas de difícil digestão, como leite de vaca, ovo, amendoim, trigo, soja, peixe e frutos do mar.
A relação de doenças autoimunes, alterações gastrintestinais, dermatológicas, respiratórias, distúrbios neurológicos e endócrinos, com alergias alimentares, já tem sido mostrada em diversos estudos. As manifestações sistêmicas, mais conhecidas e de fácil diagnóstico são mediadas por IgE, sendo os sinais e os sintomas da anafilaxia o prurido e/ou edema de lábios, urticária, angioedema, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, edema de glote e de laringe, dispneia, síncope, dor torácica, arritmia, confusão metal, sonolência, convulsões, perda de consciência, coma, entre outras.
Para avaliação diagnóstica nas alergias alimentares é muito importante o histórico clínico do paciente, que depende da memória e relato dos sintomas por parte do mesmo e da habilidade e experiência do profissional de saúde em diferenciar as manifestações da alergia alimentar e as relacionadas a outras condições. Existem exames que avaliam apenas as alergias mediadas por IgE (por grupo de alimento ou alimento individualizado), que representam de 1 a 2% das alergias, e exames que avaliam IgG por alimento, porém não são realizados no Brasil, têm alto custo e os resultados “negativos” podem ser falsos e levar a erros no tratamento.
Ao ser estabelecido o diagnóstico da alergia alimentar, o tratamento consiste na exclusão dos alimentos responsáveis pela reação alérgica, tratamento mais utilizado e com resultados altamente positivos. Inicialmente, essa manobra não é aceita facilmente pelo paciente que necessita rever sua dieta, principalmente dos itens consumidos mais frequentemente, gerando maior resistência na substituição dos próprios. Os rótulos dos alimentos também podem ser confusos ao indicar pequenas quantidades do alérgeno alimentar, apresentando nomenclatura diferente ao popularmente conhecido. A contaminação oculta de alimentos considerados seguros também é outro fator. Por este motivo, procurar a ajuda de uma nutricionista é essencial para obter a conduta necessária, a escolha e substituição dos alimentos adequados e seguros."

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