quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Celíacos e Comunhão!



Procurando receitas sem glúten e sem lactose encontrei esta matéria que esclarece uma dúvida minha e que pode ser de muitos também.
Eu não sou celíaca, mas tenho uma certa hipersensibilidade ao glúten e por isso em alguns períodos faço restrição dele na minha dieta. Sou católica e diversas vezes que estava no período "sem glúten" deixei de participar da comunhão por não poder receber o pão.

"Os fiéis escutam, atentos, o padre dizer: “Tomai, todos, e comei: isto é o meu Corpo (...) Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue (...). Fazei isto em memória de Mim”. Católicos praticantes conhecem bem essas falas e costumam fazer fila para receber a hóstia no ritual da Eucaristia. São as palavras de Jesus na Última Ceia, quando compartilhou o pão e o vinho com os apóstolos antes de ser entregue por Judas às autoridades. Para os cristãos, ao comer a hóstia, ou comungar, eles ingerem o corpo de Cristo levado à Cruz. É uma forma de purificação e perdão pelos pecados terrenos.

Há mais de dois mil anos esse ritual se cumpre na Igreja Católica, mas será que todos os fiéis podem receber a comunhão? A hóstia é feita de trigo, que contém glúten, uma substância que para muitas pessoas pode ser prejudicial à saude. Ângela Pereira de Abreu Diniz, Presidente da ACELBRA-MG (Associação dos Celíacos do Brasil – Seção Minas Gerais), grupo que auxilia portadores da doença celíaca, uma intolerância permanente ao glúten, explica que os celíacos costumam ter reações adversas quando ingerem alimentos que o contêm. “Pouco tempo após sua ingestão, o glúten já pode causar danos ao organismo em pessoas geneticamente predispostas, resultando em uma série de problemas, desde aftas até lesões no intestino delgado, anemia e, a longo prazo, tumores de intestino, se não tratadas adequadamente”, diz ela.

Pelo Código de Direito Canônico da Igreja Católica, toda hóstia deve conter trigo e todo vinho usado nas missas pelos padres deve ser feito de uva. Em atenção aos celíacos, a Igreja Católica fez circular entre os Presidentes das Conferências Episcopais uma carta, datada de 19 de junho de 1995 e assinada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, sobre o uso do pão com pouca quantidade de glúten como matéria de Eucaristia. Nessa carta, o Vaticano determina que as hóstias precisam ter uma quantidade mínima de glúten, considerando inválidas aquelas fabricadas sem esse ingrediente. No entanto, “para os celíacos, qualquer quantidade de glúten pode ocasionar danos à saúde. Os sintomas podem variar e os celíacos mais sensíveis podem desenvolver reações mais rapidamente após a ingestão da hóstia”, explica a Presidente da ACELBRA-MG. “Isto é de especial importância para os sacerdotes, freiras e missionários, já que comungam com mais frequência”, acrescenta.

A opção para os católicos celíacos aparece na própria carta, que afirma ser possível receber somente o vinho ou o mosto para comungar. O mosto (entendido na carta como suco de uva fresco ou conservado sem fermentação, por congelamento ou outro método que não altere sua natureza) pode ser consumido também por sacerdotes ou fiéis com problemas de alcoolismo, como explica Ratzinger. Tanto para comungar com hóstia especial como com suco de uva é preciso apresentar um atestado médico ao pároco da igreja que a pessoa freqüenta.

O mosto, no entanto, é definido pelo Dicionário Aurélio, um dos mais usados na Língua Portuguesa, como o sumo da uva antes de terminada a fermentação. Nesse caso, sempre haveria alguma fermentação e “algumas famílias optam por não aceitar que a criança ou o adolescente receba a comunhão na espécie vinho”, diz Ângela Diniz, lembrando que a Legislação Brasileira não permite o consumo de álcool antes dos 18 anos de idade.

Uma questão levantada pela psicóloga Aline Ribeiro Mayrink Maia, especializada em Psicologia Clínica, é que os celíacos, por vezes, se sentem constrangidos com sua condição. “Algumas pessoas relatam dificuldades de inserção em ambientes de escola, igreja e trabalho em função do peso do rótulo de uma doença crônica pouco conhecida, que requer um comportamento específico de restrições alimentares”, afirma a psicóloga. Aline trabalha oferecendo suporte psicológico a celíacos e familiares da ACELBRA-MG, ajudando pessoas a lidar com os impactos trazidos pela doença celíaca.

Ângela explica que no caso de um celíaco comungar com vinho, deve-se tomar todos os cuidados para que não haja contaminação por traços de glúten no seu cálice. Conversar sobre o assunto com o pároco da localidade, com antecedência, pode ajudar.

“Aceitar a doença nem sempre é fácil. É preciso mudar hábitos alimentares, mas também há adaptações sociais, emocionais, religiosas e culturais a serem feitas”, explica Aline. “A religião é uma cultura enraizada de crenças e valores. Para algumas pessoas, deixar de comungar constitui verdadeiro sofrimento. Acontece aí um impasse entre religião e ciência, uma vez que o tratamento da doença celíaca consiste na dieta totalmente isenta de glúten”."

Fonte: http://www.vidasemglutenealergias.com/comungando-sem-gluten/641/

Bom, aos seguidores celíacos e católicos espero que tenham um padre camarada igual o da paróquia que frequento! =)

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